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OS HOMENS E A EL - 1,32 e4

  O que foi construído n?o foi terminado, e o que foi terminado foi antecipado. A corrente está quebrada, e em sua instabilidade o horror planejado.

  Três seres, dois machos e uma fêmea, entraram em total silêncio na estalagem e ocuparam uma mesa mais recuada. Todos eles eram altos e de corpos poderosos. Sênior os observou, e ficou se perguntando se eram originados de alguma experiência genética dos próprios pleiadianos, porque via neles alguns de seus próprios tra?os, como a pele mais branca e os olhos coloridos. Mas, havia algo mais, e logo ficou claro o que era: realmente haviam sido desenvolvidos por genética, porque era claro que eles tinham tra?os dos símios recém surgidos no planeta.

  Aqueles eram seres diferentes, percebeu assim que os viu. Havia uma fúria natural em seus modos, e eles transpiravam poder, de um poder que n?o havia visto ainda nos seres humanos. Sem se denunciar estudou as novas criaturas. Sabia que eles faziam parte de um grupo mais arredio, que há algum tempo se aproximara discretamente da cidadela pleiadiana. Apesar de todos seus modos eram silenciosos, e assim eram deixados por si mesmos.

  E agora ali estavam eles. Devia haver algo muito importante para eles terem quebrado seu isolacionismo.

  E foi só quando seus olhos cruzaram com os deles que percebeu, sem sombra de dúvidas, que eles eram ca?adores. Provavelmente, deviam pertencer a algum dos reinos dos homens do norte, onde se mantinham acantonados e isolados.

  Algo devia estar acontecendo no norte, anotou para avaliar isso mais tarde, porque por lá também surgiam seres disformes e perigosos, de almas frias e estranhas.

  Ent?o perdendo o interesse, deixou sua mente divagar, cismando sobre os dias à frente. Mas, subitamente foi tirado de seus pensamentos ao pressentir interesse e movimento por parte deles.

  Sem os observar diretamente os viu se levantarem e caminharem até onde estava.

  Mantendo-os sob vigilancia aguardou.

  - Sênior, n?o é? – ouviu a pergunta do homem que parara bem à sua frente.

  Sênior levantou os olhos e o examinou.

  Os cabelos eram negros e chegava-lhe até a altura dos ombros, os olhos eram francos e da cor do mel. O rosto era anguloso e franco. Ao lado do corpo pendurava-se uma espada curta, uma espada forjada em ferro de meteoros, verificou ao examinar a energia que irradiava. E ela já entrara em muitas batalhas.

  Ent?o examinou rapidamente os outros dois. A mulher era esguia, trajando um corpete de pelos tran?ados de animais, bem como um saiote de couro. Ao lado do corpo uma espada quase igual ao do outro, como também trazia uma aa no cintur?o. O outro homem era de uma fei??o mais dura e mais abrutalhada, parecendo ser de uma inteligência menor que a dos outros dois. Esse parecia mais feroz e mais decidido que eles.

  - Ca?adores – reconheceu, sem confirmar a pergunta do primeiro. – N?o est?o muito longe de seus caminhos? – perguntou com suavidade, indicando as cadeiras na mesa, que eles ignoraram.

  - Sim, estaríamos – falou a mulher, - se o nosso caminho fosse longe daqui. Mas viemos com a esperan?a de encontrar o Sênior.

  - E por que precisam dele?

  - Você é o Sênior ou um ganedrai? – perguntou o que se mantivera em silêncio até ali, a voz dura e rude.

  - O que o faz acreditar que eu sou, ou desconfiar de que n?o sou? – sorriu.

  - Dá para ver que é um anjo mas... As asas... N?o vejo asas – falou o homem de modos brutos, que Sênior conferiu ser de imensa franqueza e ingenuidade.

  - N?o s?o as asas que definem alguém. Em alguns momentos me sinto melhor sem elas – esclareceu. – E quanto ao Sênior, ele é também um ganedrai... – falou com ares pensativos. - Mas sim, eu sou Sênior – confirmou.

  Ent?o os três acederam e ocuparam a mesa com movimentos ressabiados, típico dos ca?adores.

  - Eu sou Ganvra – se apresentou o homem de fei??es mais amenas. – Essa é Gavenal e este é Tondo. Fomos a muitos lugares em sua busca – revelou.

  > Por que me buscavam?

  - Porque soubemos que tomou, há algum tempo, uma joia de um poderoso dem?nio.

  Sênior ficou mais atento, os olhos se fixando em Ganvra.

  Stolen novel; please report.

  - Uma el?

  - Sim, uma el... Está com você?

  - N?o, mas está ao meu alcance. Qual o interesse de vocês nela?

  - Ela é uma el zuni, e guarda em si, aprisionados, seres do nosso povo.

  - E vocês os querem libertar?

  Os três se entreolharam, e se viraram para ele.

  - N?o... Nós a procuramos para a destruir. Sabemos que a sentiu, ent?o sabemos que a avaliou.

  Sênior ficou em silêncio, os pensamentos se esticando levemente, até tocar na el que estava em Paka Nuta.

  - Fale-me sobre ela – pediu, fazendo sinal para trazerem copos e uma grande jarra de hidromel.

  - Ela foi construída por feiticeiros drakos que, juntamente com feiticeiros norkanos aprisionaram seres de sombras. Eles replicaram essa el a partir de uma el primordial, e com ela passaram a corromper nossas cidades. O sofrimento foi enorme para nós, até que conseguimos colocar-nos fora do alcance dela. Quando descobrimos o que ela era e a procuramos, ela já tinha sumido, e n?o conseguimos mais acha-la, até que ouvimos falar de um anjo que tomara uma el de um dem?nio, e soubemos e sentimos que só poderia ser ela. Precisamos dela, porque ela possui a liga??o conosco. Somente destruindo ela e a el primordial poderemos conseguir alguma paz.

  - Sabem que através dela n?o conseguir?o encontrar a primordial, n?o sabem?

  - Como? – Ganvra franziu os sobrolhos totalmente surpreso. – O feiticeiro foi bem claro que ela poderá nos revelar onde está a primordial, e que se ela for inutilizada, todo o mal que veio será desfeito.

  - Ele foi enganado, e assim, usado para enganar vocês – falou com tranquilidade. – N?o existe isso de uma el primordial.

  - Ent?o, porque isso?

  - Diversionismo, e divers?o, lógico.

  Sênior deixou o copo de hidromel ao lado, o rosto avan?ando um pouco em dire??o aos três, estudando seus c?modos confusos.

  > Vejo que s?o bons ca?adores, que s?o bons guerreiros, mas vejo que n?o sabem tanto o que deveriam e o que essa el representa. Ela está presa num poder bem maior, que até mesmo poucos caídos podem amea?ar fazer frente.

  - E que poder seria esse? – perguntou Gavenal.

  - Ao que parece, uma muta...

  O silêncio ficou pairando sobre eles por algum tempo.

  Ganvra suspirou e se recostou pesado em sua cadeira, os olhos vagando abandonados pelo sal?o e pelas pessoas que se moviam ali.

  - Muitos desconfiam de que as mutas n?o existem – Tondo declarou, sem muita convic??o.

  - Elas s?o assim, querem ficar nas sombras, ocultas...

  - Muitos de nós desconfiávamos de algo oculto, de grande poder, mas n?o imaginávamos... – cismou Gavenal.

  - Em todo o caso, isso pouco altera a nossa determina??o – falou Gavendra, - e isso porque temos que tentar nos libertar. Se como diz a primordial n?o existe, e só há ela em nosso caso, ent?o tudo ficará mais fácil. Sabe, anjo, é com o uso que faziam dela, antes que você a tomasse, que eles estavam alterando os de nosso povo em que eles conseguiam botar a m?o.

  - Os disformes... – Sênior disse com lentid?o, agora reconhecendo o padr?o dos estranhos seres que come?aram a emergir das sombras, há apenas alguns anos.

  - Eles mesmos. Eles s?o dos nossos e de alguns outros grupos de homens, deformados e torturados, alterados até a estrutura de suas almas – falou a mulher, a voz com uma leve titubeada. Sênior sentiu a sua dor, e ficou imaginando quem ela havia perdido.

  - Os drakos?

  - Foram os que mais fizeram experiências de altera??es. Mas outros também participaram de nossa maldi??o, como os pleiadianos e os de Sirius – o rosto de Gavenal mostrou uma dor controlada e recuada para um canto da alma. - Em todo o caso, parece que tentaram primeiro com os ellos e manira ellos, mas foi difícil com eles, e os resultados n?o foram os esperados, nem com as outras pessoas. Havia muito dispêndio de tempo e energia. Mas conosco... Parece que somos muito fracos para resistir às els, ou aos poderes que invocam.

  - Vocês n?o deveriam ter esse julgamento quanto a vocês – murmurou. – Os homens, desde o momento em que surgiram, suscitaram muita curiosidade e desejo nas outras cria??es. As mutas n?o ficaram fora disso, principalmente elas, porque elas foram os arquétipos em que vocês foram baseados. As els ainda s?o objeto de muita discuss?o, n?o sendo bem entendido ainda suas origens, pois que há muitas els diferentes. No entanto, parece que as els em foco, sendo cria??es das mutas, a vocês est?o direcionadas...

  Ent?o viu as linhas do rosto do homem que se dizia chamar Tondo. A dor ali também era muito sentida. Com respeito tirou os olhos dele.

  - Os pleiadianos e Sirianos há muito compreenderam as falhas em suas a??es. A curiosidade quanto a vocês lan?ou uma sombra sobre eles, que lutam até hoje para tirar de seus espíritos – falou com suavidade. – Quanto aos drakos, eles n?o est?o mais aqui no planeta.

  Sênior viu os olhos dos três, tristes, passeando pela estalagem, pelos semblantes dos seres que estavam ali, pelas mesas e copos e jarras, pelas paredes e, por fim, para além delas.

  Sênior suspirou e aguardou que suas dores fossem suavizadas.

  - Mas eles voltar?o – disse Ganvra por fim. - E, mesmo que n?o voltem, eles deixaram o mal para trás, um mal que deve ser parado e obrigado a recuar...

  - Se for confirmado que realmente há uma muta envolvida com isso, pouca diferen?a fará a presen?a ou n?o dos drakos.

  - Como disse, nada podemos fazer, a n?o ser continuar a tentar – Gavenal sorriu com mansid?o. – Temos que combater o mal...

  - O mal... – Sênior suspirou. – O mal é neblina que entra com o ar que respiramos, é a cortina fina que passa ante os olhos e distorce a verdade. O mal é a garra que acaricia e rasga, oculta e suaviza, que quer apenas destruir e se apossar, tremenda dor que traz em si mesma. Tantas defini??es, tantos modos de se mostrar, apenas na tentativa v? de n?o ver o próprio reflexo.

  - Vai nos deixar ter contato com a el, para descobrir o que nos interessa? – quis saber Gavenal.

  - Vou fazer melhor que isso – falou sorvendo o último gole de hidromel, enquanto se levantava. Após ter se despedido de todos que estavam na estalagem, acompanhado dos três humanos eles saíram. – Retornem para onde vieram. Logo iremos ter com vocês...

  - Os ganedrais? – Tondo quase engasgou.

  - N?o, meu amigo... – Por mais que tivesse tentado, a voz n?o saiu clara e firme como gostaria. Deu de ombros. – Eles n?o est?o mais aqui – falou fazendo surgir os dois pares das grandes asas, enquanto as desfraldava. – Talvez eu leve uma amiga – contou, se perguntando se Braba aceitaria se juntar a ele.

  - Vai nos ajudar, ent?o? – quis saber Gavenal, sob os olhos avaliadores de Ganvra.

  - Sim! Afinal, acreditaram mesmo que estavam sozinhos? – sorriu enquanto se elevava e tomava a dire??o de Paka Nuta.

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