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ALLENDA E ELLIARA

  Como se pode viver com uma dor assim, que a raz?o n?o consegue descartar?

  Na forja uma esperan?a de algo a ser unido, almas que s?o, almas que se tocam e se reconhecem.

  I

  - N?o precisa se explicar, Uivo. Desde o come?o eu sabia o que estava acontecendo – contemporizou Elliara.

  - E o que você acha que sabia, Elliara?

  - Você e Allenda. Sabe, Uivo, somos guerreiros, e uma guerra se aproxima. N?o procuro um amor, procuro um parceiro, entende? E você foi incrível, e te agrade?o por isso.

  - Eu sinto muito, Elliara.

  - E por que? Nunca tive expectativas quanto a nós, e acho que nem a desejaria.

  - é, está certo!

  Elliara viu Allenda ao longe, cuidando de ArrancaToco, embaixo de uma árvore. Sorriu suavemente, sabendo como ela estava atenta a eles. Com um certo prazer se aproximou mais de Uivo. Além do prazer em provocar a bela Allenda, era bom ela saber dar valor aos que valor tem.

  - Sempre estarei por perto, Uivo. De vez em quando, quem sabe – sorriu como um presente. – Você me faz bem – declarou tomando com carinho seu bra?o, levando-o para um lugar reservado, mais abaixo do acampamento.

  II

  - Ent?o Allenda, tudo bem? – perguntou Elliara toda sorrisos.

  - Tudo! – Allenda respondeu secamente. – E com você?

  - Nossa, bem demais.

  As duas se cruzaram e se distanciavam, quando Allenda parou, os olhos fuzilando as costas de Elliara.

  - é provoca??o, n?o é mesmo? – Allenda encarou Elliara.

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  Elliara parou e se voltou, observando-a com cuidado. Ent?o relaxou.

  - Ah, quer saber? Podemos nos sentar aqui, um pouquinho, Allenda? – pediu com gentileza, indicando uma larga pedra perto do rio.

  Allenda ficou olhando-a por algum tempo, ent?o cedeu e sentou-se ao seu lado, o rosto voltado para o rio que passava ali perto.

  > Confesso que te dei umas provocadinhas sim – Elliara sorriu apaziguadora. – Sabe, fiquei um pouco irritada, e você sabe por que, n?o sabe?

  - Uivo?

  - Sim, Uivo. Sabe, eu gosto dele. Ele n?o quer ver, e acho que nem consegue ver, nem em mim nem em qualquer outra alguma possibilidade. N?o, só existe você, mesmo que isso lhe cause dor, mesmo que ache que já deixou você para trás.

  - Ele disse isso? Que já me deixou para trás?

  - Ah, me desculpe, Allenda. N?o deu para evitar te ferir. Ele acha que sim, mas até mesmo ele sabe que n?o. Você está cravada na alma dele, como ele está na sua. Bem, a verdade é que você o machuca, e isso me machuca também. Sabe, Allenda, eu n?o quero isso para mim, essa dor esquisita. Mas...

  - Eu sinto muito, Elliara. Eu e Uivo somos muito diferentes. Confesso que, e é doloroso reconhecer, me sinto atraída por ele, e isso me incomoda. Sempre fui livre e independente. N?o gosto disso, e quero me livrar disso.

  - N?o, você n?o quer. Pode se dizer isso mil vezes, e a resposta sincera será de que isto você n?o quer. N?o vê o que tem?

  - Eu n?o tenho nada – sussurrou pesarosa. – Mas você tem algo. Por que n?o insiste? Você faz mais bem a ele do que eu.

  - Sei que fa?o, Allenda – sorriu triste. – Mas, n?o é o que ele quer, e eu aceito isso. Quer dizer, tive que aceitar isso. é estranho, mas a liga??o de vocês é muito intensa, e causará muita dor a vocês se tentarem se livrar dela.

  - Aiiii – gemeu Allenda baixinho, os olhos se perdendo nas águas que passavam gentis. – Eu sei disso... Mas, o cora??o dele, agora, só tem raiva por mim. Sobrou pouco ali, Elliara.

  - Se engana – falou se levantando. – E eu sei o que estou falando porque, apesar dele nada falar, era em meus bra?os que ele vinha buscar algum tipo de esquecimento de você – disse tristemente em despedida.

  Ent?o parou, como se pensasse algo importante. Devagar se virou para Allenda, que a observava, os olhos pesados e abandonados.

  > Sabe, Allenda, a guerra está chegando, e muitos n?o ver?o seu fim. Corpos ser?o feridos, almas ser?o arrancadas com brutalidade e arrogancia, sangue será derramado até o céu se avermelhar, mas... Mas a vida é mais que isso que se derrama ao nosso lado. Observe o que está ao seu alcance. O arrependimento poderá ser uma guerra ainda maior que seremos obrigadas a travar conosco mesmas. Se cuide, nobre Allenda. Akindará...

  - Vocês ainda est?o juntos?

  Elliara deixou os ombros caírem, um sorriso meigo no rosto. Havia algo de muito revelador e tocante na pergunta.

  - O Trov?o bem sabe quanto eu gostaria de dizer que sim, mas seria uma mentira se eu dissesse isso. Digamos que, por enquanto estou com meus bra?os abertos para ele. Sei onde o cora??o dele está. Akindará, Allenda.

  - Akindará, Elliara. E, obrigada... – se despediu, vendo-a subir o pequeno barranco em dire??o ao acampamento.

  Por muito tempo ficou ali, cismando, pensando nas palavras de Elliara, e se disse que gostaria de voltar atrás e evitar muitas coisas que fizera e dissera, como sempre fazemos, quando olhamos para trás.

  Ent?o se levantou, disposta a parar de olhar para trás e refazer o futuro.

  Foi nesse momento que o viu, descendo a estreita trilha em dire??o ao rio.

  Inspirou demoradamente, dizendo-se que o destino devia ser menos brincalh?o.

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