Durante as nossas expedi??es através dos portais no acampamento abandonado do Gerês, já havíamos encontrado o covil de quatro das Bruxas da Noite. N?o que isso nos tivesse ajudado a pará-las ou sequer a perceber quais eram os seus objetivos. A única coisa que sabíamos era que elas n?o nos queriam envolver nem que nós nos envolvêssemos.
Contudo, faltava-nos encontrar a quinta bruxa, pelo que ainda havia hipóteses de obtermos respostas, apesar de estarmos a chegar ao fim dos portais no acampamento abandonado.
Eventualmente, tivemos sorte, se se pode usar essa palavra para descrever o que aconteceu.
Como havíamos feito tantas vezes antes, atravessámos um dos portais e, num instante, encontrámo-nos num sítio completamente diferente. Estávamos entre as ruínas do que parecia ter sido um castelo, no topo de um pequeno planalto. Uma muralha baixa, que claramente havia sido reduzida com o passar dos anos, rodeava o amplo espa?o onde nos encontrávamos, que estava pejado com o que restava dos alicerces de edifícios há muito desaparecidos. Reconheci de imediato que aquele era o castelo de Castro Laboreiro, pois já o havia visitado várias vezes.
Como sempre, come?ámos de imediato a investigar o local, procurando por qualquer indício das Bruxas da Noite ou dos seus servos.
Tinham passado menos de cinco minutos quando, de súbito, ouvimos um estrondo distante, semelhante a um trov?o. Contudo, o céu estava limpo, pelo que de imediato descartámos a possibilidade de ser uma trovoada.
Um grito de um dos soldados que nos acompanhava alertou-nos para um ponto no céu que se aproximava. Este rapidamente se transformou em cinco figuras de negro encapuzadas.
A uma ordem de Almeida, os soldados apontaram-lhes as espingardas. N?o fez grande diferen?a. Antes de ficarem ao alcance das armas, cada Bruxa da Noite lan?ou uma bola de chamas a alta velocidade contra nós. Mal tivemos tempo para nos agacharmos atrás das muralhas e muros em ruínas antes de estas atingirem o topo do planalto.
Explos?es deflagraram à nossa volta, espalhando chamas e lan?ando terra e pedras em todas as dire??es. Alguns soldados caíram, consumidos pelo fogo ou atingidos por estilha?os. E o bombardeamento continuou, com as Bruxas da Noite a lan?arem uma torrente avassaladora dos feiti?os explosivos, n?o dando oportunidade aos soldados de responderem. Só havia uma coisa que Almeida podia fazer:
- Retirar! - gritou ele.
Fazendo os possíveis para evitar as explos?es à nossa volta, eu, Almeida e os soldados sobreviventes corremos em dire??o ao portal, esperando que este ainda lá estivesse. Tal era a intensidade do bombardeamento, que n?o tínhamos hipótese de ajudar os feridos, e quem tentou foi imediatamente derrubado.
Com grande alívio, consegui chegar ao portal incólume e, instantaneamente, encontrei-me no acampamento abandonado, longe do que claramente havia sido uma armadilha das Bruxas da Noite. Almeida surgiu logo depois, coxeante, provavelmente atingido por um estilha?o.
Dos quinze soldados que nos tinham acompanhado, só dois regressaram. Infelizmente, n?o atravessaram o portal sozinhos. No seu encal?o surgiram, uma a uma, as Bruxas da Noite.
Estas elevaram-se imediatamente acima dos homens da Organiza??o que guardavam e estudavam o acampamento abandonado e come?aram a lan?ar as suas bolas de chamas. Os soldados responderam com as espingardas automáticas, mas as criaturas voavam demasiado alto e rápido para as conseguirem atingir.
Homens e equipamento foram envolvidos e destruídos por explos?es flamejantes.
Sem poder fazer mais nada, abriguei-me atrás da árvore com o tronco mais largo que encontrei e esperei desesperadamente n?o ser atingido.
Embora tivesse parecido mais tempo, o meu relógio mostrou que o ataque n?o durou nem dez minutos. Quando terminou, toda a infraestrutura — tendas, computadores, veículos, etc. — da Organiza??o tinha sido destruída, e mais de dois ter?os dos seus efetivos jaziam mortos.
Almeida sobrevivera, se bem que ficara com um bra?o severamente queimado. Só eu e mais duas pessoas tivemos a sorte de escapar incólumes.
As Bruxas da Noite tinham desaparecido pelo portal, e ninguém se atrevera a persegui-las. Era óbvio que aquele ataque fora uma resposta à nossa intromiss?o nos assuntos delas.
Almeida, apesar dos seus ferimentos, come?ou de imediato a restabelecer a ordem. Chamou helicópteros para evacuar os feridos e, em seguida, um para me levar de volta a Braga.
Passei a viagem a pensar no que aquele ataque significava para a investiga??o da Organiza??o às Bruxas da Noite. Almeida n?o se pronunciou sobre o assunto e, dada a situa??o, n?o lhe perguntei. Também duvido que tivesse uma resposta para me dar na altura. Só o tempo a traria.
Stolen novel; please report.