Capítulo 5 — O Passado da garota
No outro dia, o sol ainda nem tinha subido direito quando Manari acordou com um barulho estranho. Ao sair da pequena cabana da vila onde estavam hospedados, ela viu Kazu do lado de fora, suando e se movendo rapidamente.
— Você... tá se exercitando? — ela perguntou, com um tom de surpresa.
Kazu olhou pra ela com aquele jeito simples e respondeu:
— Eu só gosto de fazer isso mesmo. é divertido.
Manari deu uma risadinha.
— Você é estranho... mas de um jeito bom.
Ela se sentou numa pedra próxima, observando Kazu se mover como se fosse instinto. Aquilo fez ela pensar em seu próprio passado. Respirou fundo e disse:
— Ei... acho que tá na hora de eu me apresentar de verdade. Meu nome é Manari Souleskull. E... bom, eu n?o sou ninguém especial, mas eu lutei muito pra chegar até aqui.
Kazu parou, curioso.
— Você lutou com quem?
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Ela riu baixinho.
— Comigo mesma, Kazu.
Manari ent?o come?ou a contar sua história.
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O Passado de Manari
— Eu cresci numa cidadezinha pobre, onde quase ninguém sonhava com o futuro. Na escola, eu era meio obesa e muito tímida. Tinha alguns amigos, mas a maioria das pessoas simplesmente... me ignorava.
Ela olhou para o céu, como se procurando palavras entre as nuvens.
— Eu me escondia no fundo da sala, lia livros sozinha e imaginava um mundo diferente. Enquanto isso, meu pai... — ela fechou os olhos por um momento — Ele passava os dias bebendo cacha?a. Eu via minha m?e chorar e meu irm?o dormir sem jantar às vezes.
Kazu escutava em silêncio, co?ando a cabe?a, sem saber o que dizer.
— Mas um dia, meu pai... mudou. N?o sei o que aconteceu. Talvez tenha sido ver a gente sofrendo. Talvez ele tenha abrindo os olhos e viu oque realmente estava acontecendo. Mas ele fez uma promessa pra mim e pra minha m?e: que ia largar a bebida e virar alguém de verdade.
Ela sorriu, com os olhos brilhando.
— Ele voltou a estudar. Já tinha terminado o ensino médio quando era jovem, ent?o entrou numa faculdade com bolsa. Depois fez outra. Aprendeu engenharia, ciências... e come?ou a construir coisas incríveis. Foi ele quem me ensinou a mexer com tecnologia. Aquele radar que usamos? Fui eu que montei, mas ele me ensinou tudo.
Kazu fez um "ohh" com a boca.
— Ent?o seu pai é tipo... um gênio?
— Sim. Mas n?o nasceu assim. Ele só... decidiu mudar. — Manari ficou em silêncio por um tempo. — Eu vi minha família mudar de rumo de pobre para uma que só na esperan?a mudou de vida. Depois eu Comecei a treinar, a estudar, a correr atrás dos meus sonhos. Me prometi que ia sair daquela cidade... e que ia encontrar todas as Eterion Balls, n?o importa quanto tempo levasse.
— Por quê? — perguntou Kazu, curioso.
Manari olhou pra ele, séria.
— Porque eu quero fazer um pedido. Um desejo. Mas... ainda n?o posso contar qual é.
Kazu ficou pensativo.
— Você fala muito, sabia?
Ela deu uma risada alta, mas seus olhos estavam um pouco molhados.
— Desculpa, acho que falei demais. Enfim... se eu n?o tivesse tomado essa decis?o de vim explorar o mundo eu faria no meu quarto vivendo em um mundo de escurid?o medo e você tava vivendo seu mundo deboa talvez mesmo se eu n?o fosse ia atrás das Eterion Balls os soldados ia atrás de você e você ia procurar resposta oque era essas pessoas e você ia ter outra história.
Kazu abriu um sorrisinho.
— Ent?o ainda bem que mudou, né? Sen?o eu ia ter que carregar aquela galinha gigante sozinho.
Os dois riram. Manari enxugou os olhos sem que ele percebesse.
— Vamos buscar o carro. Ainda temos muitas Eterion Balls pra encontrar.
E juntos, eles partiram rumo ao mecanico da vila — com um passado pesado nas costas e uma jornada ainda maior pela frente.