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Capítulo 3 - Instrutoras Aventureiras

  O sol mal havia nascido quando Hakuro acordou, ainda sob o peso das emo??es do dia anterior. Ele sentia o calor das bên??os pulsando dentro de si, como um eco constante do encontro que tivera com os deuses na catedral. As palavras misteriosas de Aendor e os olhares preocupados de seus pais durante a viagem de volta ao castelo ainda estavam frescos em sua mente.

  Ao sair de seu quarto, Hakuro encontrou seus pais, já prontos para partir. Ambos estavam vestidos com roupas práticas, comumente vistas em aventureiros, adequadas para uma jornada. Nafyr ajustava as correias de sua espada, enquanto Nyellen revisava seu estoque de po??es de mana. Eles pareciam tensos, mas tentavam manter a calma.

  — Meu filho — disse Nyellen, aproximando-se dele com um sorriso gentil —, você voltará para casa com Arysa. Seu pai e eu temos que cumprir as ordens de sua majestade.

  Hakuro franziu a testa, confuso.

  — Mas… por que? — perguntou ele, sua voz pequena, mas cheia de determina??o.

  Nafyr hesitou por um momento, trocando um olhar com Nyellen antes de responder:

  — Hakuro, algo extraordinário aconteceu ontem. Algo que ainda n?o entendemos completamente. Precisamos garantir sua seguran?a enquanto descobrimos mais sobre isso.

  Nyellen se ajoelhou para ficar à altura de Hakuro, colocando as m?os delicadamente sobre seus ombros.

  — Durante o batismo, notamos algo fora do comum. Você estava envolto em uma luz dourada muito intensa, algo que nunca vimos antes. O sacerdote parecia n?o perceber, mas nós notamos.

  Hakuro piscou, surpreso.

  — Uma luz dourada? Eu n?o vi nada!

  Nafyr interveio, sua voz grave, mas controlada:

  — N?o sabemos o que isso significa, mas precisamos entender melhor. Por isso, queremos que você nos mostre seus status... agora.

  Nyellen olhou nos olhos do filho, seu semblante gentil, mas com um toque de preocupa??o, lhe dizia para fazer o que seu pai mandava.

  Hakuro hesitou por um momento, mas ent?o assentiu. Ele se concentrou, esticou sua m?o direita e murmurou:

  — Abrir status.

  No mesmo instante, uma tela quase translúcida e azulada surgiu no ar diante deles, exibindo as informa??es de Hakuro. Para surpresa de todos, ali estavam as bên??os e prote??es de todos os oito deuses. Mas o que mais chamou a aten??o foi o número ao lado de cada uma delas: 10 .

  Hakuro arregalou os olhos, incrédulo.

  — Papai, isso deve estar errado! As bên??os v?o até 5, n?o é mesmo!? — perguntou ele, sua voz cheia de perplexidade.

  Nafyr apontou para uma parte específica da tela, sua m?o tremendo ligeiramente.

  — N?o, meu filho. Com este título... tudo é possível.

  Os olhos de Hakuro seguiram o dedo do pai até a área de títulos adquiridos, onde se lia de forma clara: "ESCOLHIDO DOS DEUSES."

  Nyellen, segurou seus ombros com firmeza, como se quisesse transmitir seguran?a ao filho.

  — Precisamos manter isso em segredo! N?o mostre seu status a ninguém, meu filho! — disse ela, com urgência na voz.

  Nafyr concordou, completando:

  — Providenciarei para que você seja levado para casa o mais breve possível. N?o comente sobre isso com ninguém! Nem mesmo com Arysa! Sua m?e e eu temos que concluir nosso trabalho aqui como bem sabe, mas retornaremos para casa em alguns dias. Até lá, mantenha em segredo seu status e obede?a a Arysa!

  Hakuro assentiu, embora ainda estivesse confuso. Ele n?o entendia completamente o que significava ser o "Escolhido dos Deuses", mas percebeu que aquilo era algo grande... e perigoso.

  Após as palavras firmes de seus pais, Hakuro permaneceu em silêncio por alguns instantes, processando tudo o que havia acabado de descobrir. Ele sabia que aquele título era algo extraordinário, mas também sentia uma press?o pesada sobre seus pequenos ombros.

  — Grande... e perigoso? — murmurou ele, sua voz quase inaudível, como se estivesse falando consigo mesmo.

  Nyellen, apertou suas m?os nos ombros dele com mais gentileza agora.

  — Hakuro, meu querido, você é especial. Sempre foi. Mas isso significa que deve ser cuidadoso. As pessoas podem n?o entender o que significa ser diferente... e algumas podem até tentar machucá-lo por isso.

  Nafyr cruzou os bra?os, sua express?o séria enquanto observava o filho.

  — Você tem um poder incrível dentro de si, Hakuro. Mais do que qualquer outro humano neste mundo. Mas o poder, quando mal utilizado ou mal compreendido, pode causar grandes problemas. é por isso que precisamos garantir que você aprenda a controlá-lo antes de usá-lo.

  Hakuro franziu a testa, tentando absorver tudo aquilo. Ele sentia como se as bên??os estivessem lhe pedindo para serem exploradas, no entanto, também percebia que seus pais estavam certos: ele precisava aprender mais antes de agir.

  — Ent?o... o que eu fa?o agora? — perguntou ele, finalmente olhando para seus pais.

  Nyellen sorriu, acariciando suavemente o cabelo lilás de Hakuro.

  — Você voltará para casa com Arysa e continuará sua vida normalmente. Seu pai providenciará instrutores para ajudá-lo a entender melhor suas habilidades. Até lá, concentre-se em aprender e crescer como qualquer outra crian?a.

  Nafyr assentiu, completando:

  — E lembre-se: n?o mostre seu status a ninguém. Nem mesmo àqueles em quem confia. Isso é muito importante, Hakuro.

  O garoto assentiu novamente, embora ainda houvesse dúvidas em sua mente. Ele queria fazer perguntas, entender melhor o que significava seu novo título, mas algo no olhar de seus pais lhe dizia que aquele n?o era o momento certo.

  Minutos mais tarde, enquanto Hakuro era conduzido por Arysa até o sagu?o do castelo, Nafyr se sentou à mesa, colocando uma bolsa sobre ela, de onde pegou uma folha de pergaminho, um pequeno frasco de tinta e uma pena prateada que emitia um leve brilho azulado, em seguida come?ou a redigir uma carta.

  Ao Mestre Yanthorn da Guilda de Aventureiros de Yalareth,

  Sauda??es, velho amigo,

  Escrevo para pedir sua ajuda com um assunto urgente. Meu filho, Hakuro, demonstrou um potencial excepcional que exige orienta??o especializada, sendo que acabou de ser batizado e recebeu bên??os divinas de grande magnitude. Pe?o, portanto, que envie dois instrutores de confian?a — um especialista em combates e outro em magia — para treiná-lo em nossa mans?o.

  Este treinamento deve come?ar imediatamente e será por pelo menos 5 anos. Confio plenamente em sua sabedoria para selecionar os melhores instrutores, assim como sempre confiei em nossos la?os de amizade ao longo dos anos.

  Devido à natureza delicada deste assunto, pe?o que os instrutores mantenham absoluta discri??o sobre os detalhes do treinamento e sobre as habilidades de meu filho. Para garantir seu compromisso com a confidencialidade, oferecerei uma moeda de ouro por mês de servi?o prestado, além de todas as despesas cobertas durante sua estadia em nossa mans?o.

  Agrade?o antecipadamente por sua colabora??o neste assunto de extrema importancia.

  Atenciosamente,

  Nafyr Yalareth

  Nafyr selou a carta com o emblema da família e, antes de ir ao sagu?o se despedir do filho, chamou um mensageiro para entregá-la sem demora. Ele sabia que Yanthorn entenderia a gravidade do pedido e enviaria os melhores instrutores disponíveis.

  Aproximadamente às dez horas da manh?, quando o mago real apareceu no sagu?o do castelo. Era o mesmo homem que havia conduzido Hakuro e sua família até a capital — suas vestes e chapéu eram inconfundíveis. Ele sorriu ao ver Hakuro e Arysa esperando.

  — Bom dia, jovem mestre — cumprimentou o mago, inclinando-se ligeiramente. — Pronto para voltar para casa?

  Hakuro olhou uma última vez para seus pais, buscando algum sinal de conforto ou explica??o adicional. No entanto, Nafyr e Nyellen permaneceram distantes, seus rostos sérios enquanto observavam o filho.

  — Cuide bem dele — ordenou Nafyr ao mago, sua voz firme e autoritária, sem dar margem para questionamentos.

  O mago inclinou a cabe?a em respeito.

  — Pode confiar, meu senhor. O jovem mestre terá uma viagem segura.

  Nyellen se aproximou de Hakuro, segurou suas pequenas m?os nas dela, transmitindo seguran?a.

  — Lembre-se do que conversamos, meu querido. Obede?a Arysa até nosso retorno. Estaremos em casa em breve.

  Com um último aceno, Hakuro seguiu Arysa em dire??o ao círculo mágico. Ele sentiu um leve tremor quando o mago entoou a magia, como se estivesse sendo envolvido por uma corrente suave de energia. Em um piscar de olhos, o mundo ao seu redor mudou, estava na entrada da mans?o em Yalareth, mas mal notou a movimenta??o ao seu redor. Sua mente estava focada nos eventos recentes e no peso do título que carregava.

  Arysa percebeu seu silêncio e colocou uma m?o suave em seu ombro.

  — Hakuro-sama, está tudo bem? — perguntou ela, sua voz tranquila.

  Hakuro balan?ou a cabe?a lentamente.

  — Sim... só estou pensando.

  Ele n?o podia compartilhar seus pensamentos com ninguém, nem mesmo com Arysa. Seus pais haviam deixado claro que aquele segredo precisava ser guardado a todo custo. Mas, dentro de si, ele sentia uma mistura de curiosidade e apreens?o. Por que os deuses o escolheram? Por que ele, entre todas as pessoas, recebeu tal honra? E o mais importante: o que esperavam que ele fizesse?

  Naquela tarde, Hakuro encontrou Kyra na biblioteca. Ela estava sentada à mesa, folheando um livro, quando ele entrou timidamente.

  — Oi, Hakuro — disse ela, fechando o livro e olhando para ele. — Como foi seu batismo?

  Hakuro hesitou, parando perto da porta. Ele balan?ou os ombros, evitando encará-la.

  — Foi... normal.

  Kyra franziu a testa, curiosa.

  — Normal? Mas você recebeu alguma bên??o?

  — Sim... eu recebi — murmurou ele, mexendo nos dedos nervosamente. — Mas n?o posso falar sobre isso. Mam?e e papai me proibiram.

  — Nem pra mim? — perguntou Kyra, surpresa.

  — N?o — respondeu Hakuro rapidamente, balan?ando a cabe?a. — Eles disseram que eu n?o podia contar pra ninguém. Nem pra você.

  Kyra suspirou, aproximando-se.

  — Por quê? O que foi que aconteceu?

  — Eu n?o sei dizer — disse Hakuro, sua voz quase um sussurro. — Só disseram que era importante n?o dizer nada a ninguém até eles voltarem.

  Kyra olhou para ele por um momento, notando o peso que ele carregava. Ela suavizou o tom de voz.

  — Hakuro, você sabe que pode confiar em mim, certo? Se precisar falar, eu estou aqui.

  Hakuro levantou os olhos, hesitante.

  — Eu queria te contar... mas prometi que n?o ia falar. Mam?e e papai me fizeram prometer.

  — Está bem — disse Kyra, assentindo. — Se você prometeu, eu n?o vou insistir. Mas lembre-se: se precisar de ajuda, estou aqui. Sempre.

  Hakuro assentiu, aliviado por n?o ter que quebrar sua promessa, mas ainda visivelmente incomodado pelo segredo.

  — Obrigado, Kyra — murmurou ele — podemos voltar aos nossos treinos amanh??

  — Claro que sim! — disse Kyra, assentindo com um sorriso no rosto. — Sou sua mentora no fim das contas, além de sua querida irm?.Hakuro sorriu timidamente, foi até a prateleira mais próxima e pegou um dos livros, saindo em seguida.

  No quinto dia após seu retorno, enquanto Hakuro caminhava nos jardins da mans?o, um clar?o repentino chamou sua aten??o. Ele virou-se rapidamente para a dire??o de onde o clar?o mágico brilhava no ar, próximo à entrada principal. Dele, emergiram duas figuras marcantes, acompanhadas por Nafyr e Nyellen, que haviam retornado da capital sem aviso prévio.

  Hakuro paralisou por um momento, surpreso. Ele n?o esperava ver seus pais t?o cedo, e muito menos acompanhados, certamente, de duas aventureiras.

  — Hakuro! — chamou Nyellen, com um sorriso caloroso. — Venha conhecer suas instrutoras!

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  Nafyr caminhou até ele com passos firmes, acompanhado pelas duas mulheres. Sua express?o era séria, mas havia um tra?o de alívio em seus olhos.

  — Estas s?o Raka e Myka — disse ele, apresentando as duas figuras imponentes. — Elas foram selecionadas pela Guilda para treiná-lo. Confie nelas, pois elas est?o aqui para ajudá-lo.

  A primeira mulher, Raka , era uma draconata cuja presen?a exalava for?a e disciplina. Seus cabelos negros curtos contrastavam com a pele escamosa de tom avermelhado, e seus olhos dourados pareciam capazes de enxergar através de qualquer mentira. Em sua cintura, repousava uma espada longa embainhada, simbolizando sua maestria no combate.

  A segunda mulher, Myka , era uma demihumana mulher-raposa de beleza etérea. Suas cinco caudas douradas balan?avam suavemente atrás dela, irradiando um calor reconfortante. Seus olhos amendoados brilhavam com um tom dourado prateado, e sua túnica simples, decorada com runas mágicas sutis, parecia dan?ar ao redor de seu corpo. Em suas m?os, ela segurava um cajado elegante, entalhado com símbolos antigos que pulsavam levemente.

  — Ent?o você é Hakuro — disse Raka, aproximando-se com um sorriso firme. — N?o se preocupe, garoto. Vamos come?ar devagar, mas logo você estará pronto para enfrentar qualquer desafio.

  Myka, por outro lado, ajoelhou-se para ficar na altura dos olhos de Hakuro. Seu sorriso era gentil, quase maternal.

  — E eu estarei aqui para guiá-lo no uso de magia — disse ela, sua voz tranquila e melodiosa. — Magia é uma ferramenta poderosa, mas também pode ser perigosa se n?o for controlada. Vamos aprender juntos, está bem?

  Hakuro assentiu, fascinado pelas caudas douradas de Myka e pela postura confiante de Raka. Ele sentiu uma estranha conex?o com as duas mulheres, como se elas entendessem algo sobre ele que ninguém mais poderia ver.

  Mais tarde naquele dia, Raka e Myka come?aram a avaliar as habilidades de Hakuro. No jardim, sob o calor suave do sol poente, Raka entregou ao garoto uma espada de madeira leve, projetada para crian?as.

  — Mostre-me o que sabe — disse ela, cruzando os bra?os enquanto observava com aten??o.

  Hakuro segurou a espada com cuidado, sentindo o peso familiar da arma improvisada que ele já havia usado em suas brincadeiras solitárias. Embora nunca tivesse recebido treinamento formal, algo dentro dele — talvez memórias ancestrais de batalhas épicas em sua vida passada como drag?o — o impulsionava a experimentar. Ele come?ou com golpes hesitantes, mas logo ajustou sua postura, movendo-se com uma coordena??o surpreendente para alguém de sua idade.

  Raka ergueu uma sobrancelha, claramente impressionada, mas n?o disse nada. Em vez disso, observou cada movimento com olhos perspicazes, como se estivesse tentando decifrar algo além do óbvio.

  — Interessante... — murmurou ela, finalmente. — Você parece ter instintos naturais. Isso vai facilitar muito o treinamento. Diga-me, você recebeu alguma bên??o relacionada à for?a ou habilidade física? Talvez da Deusa da Guerra?

  Hakuro hesitou por um momento, surpreso com a pergunta direta. Seus olhos rapidamente se voltaram para Nafyr e Nyellen, buscando orienta??o silenciosa. Ele sabia que n?o deveria revelar seu título de "Escolhido dos Deuses", mas também entendia que omitir completamente a verdade poderia levantar suspeitas.

  Nafyr percebeu o desconforto do filho e fez um sinal discreto com a cabe?a, como se dissesse: "Pode falar, mas escolha suas palavras com cuidado."

  Hakuro respirou fundo e assentiu lentamente.

  — Sim... tenho afinidade com o combate — respondeu ele, escolhendo suas palavras com precis?o. — Mas ainda estou aprendendo a controlá-la.

  Raka trocou um olhar significativo com Myka, que até ent?o permanecia em silêncio, observando Hakuro com seus olhos dourados prateados. Ela se aproximou calmamente, estendendo uma m?o como se tentasse sentir algo invisível ao redor do garoto.

  — E além da for?a física, há também a magia dentro de você — disse Myka, sua voz suave e melodiosa. — Parece que instintivamente está cobrindo seu corpo com mana. Posso sentir um leve brilho emanando de você. Você também recebeu alguma bên??o relacionada à magia? Talvez de Symeria?

  Hakuro hesitou novamente, mas desta vez foi Nyellen quem assentiu discretamente, incentivando-o a responder.

  — Sim... eu recebi — admitiu ele, sua voz baixa, mas firme.

  Myka sorriu, mas n?o pareceu completamente surpresa.

  — Ent?o você tem afinidade dupla? — perguntou ela, com um tom casual. — N?o é algo t?o raro neste mundo, mas também n?o é comum ver alguém com duas bên??os t?o opostas quanto magia e for?a física. Isso parece um bom motivo de a Guilda ser t?o seletiva quanto a quem mandar para treiná-lo.

  Raka franziu a testa, pensativa, enquanto cruzava os bra?os.

  — é verdade — disse ela, olhando para Hakuro com curiosidade renovada. — A bên??o do Deus da Guerra fortalece o corpo, enquanto a de Symeria amplifica o poder mágico. Normalmente, pessoas tendem a se especializar em uma área ou outra... mas combinar as duas desde t?o jovem é incomum. Você deve ter um talento natural para equilibrar essas for?as, ou já teria causado muitos estragos.

  Hakuro piscou, surpreso com a observa??o. Ele nunca havia pensado nisso dessa forma. Para ele, tudo parecia instintivo — como se fosse guiado por algo muito mais antigo dentro de si.

  Nyellen interveio rapidamente, desviando o foco das especula??es.

  — Meu filho sempre foi especial — disse ela, com um sorriso sereno. — Mas, como Myka disse, n?o é incomum ter afinidades duplas. O importante agora é garantir que ele controle essas habilidades antes que algo inesperado aconte?a.

  Myka assentiu, voltando-se novamente para Hakuro com um olhar gentil, mas firme.

  — Controle será essencial — disse ela, sua voz suave e melodiosa. — Magia sem disciplina pode ser perigosa… especialmente quando combinada com habilidades físicas avan?adas. Vamos trabalhar juntos para garantir que você domine isso.

  Raka concordou, dando um passo à frente.

  — Muito bem, garoto. Agora que sabemos um pouco mais sobre você, vamos come?ar de verdade. Primeiro, vamos avaliar sua resistência física. Corra até aquela árvore e volte. Quero ver o qu?o longe consegue ir sem perder o f?lego.

  Hakuro assentiu, determinado. Ele sabia que aquele era apenas o come?o de uma jornada que seria longa e desafiadora. Mas, dentro de si, ele sentia uma chama crescente — uma mistura de curiosidade, determina??o e algo mais profundo, algo que ele ainda n?o conseguia nomear.

  Enquanto corria em dire??o à árvore indicada, Hakuro percebeu que seus pequenos pés mal faziam barulho contra o ch?o. Ele se movia com uma leveza quase sobrenatural, como se o vento o carregasse. Quando retornou, Raka e Myka trocaram olhares impressionados.

  — Ele é rápido — comentou Raka, com um sorriso satisfeito. — E parece estar usando a mana para aumentar sua velocidade.

  Myka assentiu, seus olhos brilhando com entusiasmo.

  — Sim. Ele tem um potencial incrível. Mas, como disse antes, controle será a chave. Precisamos ensiná-lo a usar essas habilidades com sabedoria.

  Hakuro parou diante delas, ofegante, mas com um brilho de confian?a no olhar.

  — Estou pronto — disse ele, sua voz firme apesar do cansa?o. — O que vem a seguir?

  Raka sorriu, cruzando os bra?os.

  — Agora, vamos ver como você lida com adversários de verdade. Prepare-se, garoto. O treinamento só está come?ando.

  Hakuro assentiu, segurando firmemente a espada de madeira. Ele sabia que aquilo era mais do que um simples exercício — era uma oportunidade de provar a si mesmo e aos outros que ele n?o era apenas uma crian?a comum. Apesar de sua aparência frágil, algo dentro dele o impulsionava a enfrentar o desafio de frente.

  Raka deu alguns passos para trás, posicionando-se no centro do jardim. Ela desembainhou sua própria espada — n?o a arma afiada que carregava na cintura, mas uma vers?o mais leve usada para treinamento. Seus olhos dourados brilhavam com intensidade enquanto ela avaliava o garoto à sua frente.

  — Vamos fazer isso devagar — disse Raka, sua voz calma, mas firme. — Eu atacarei primeiro, e você deve se defender. Use tudo que sabe a seu favor. Mas lembre-se: controle é essencial.

  Hakuro assentiu novamente, ajustando sua postura. Ele sabia que Raka estava testando seus reflexos e habilidades básicas, mas também percebia que ela queria ver até onde ele poderia ir. Ele respirou fundo, concentrando-se. Podia sentir a mana fluindo ao seu redor, uma energia invisível que parecia responder aos seus pensamentos.

  Raka avan?ou com rapidez impressionante, sua espada tra?ando um arco preciso em dire??o ao ombro de Hakuro. Para surpresa de todos, o garoto reagiu quase instantaneamente, erguendo sua própria arma para bloquear o golpe. O impacto foi suave, mas evidenciava que Hakuro possuía reflexos acima do normal.

  — Bom — murmurou Raka, recuando por um momento. — Mas isso foi apenas o come?o.

  Ela atacou novamente, desta vez com mais velocidade e for?a. Hakuro bloqueou o segundo golpe, mas sentiu o peso da arma de Raka pressionando contra a sua. Ele sabia que n?o conseguiria manter aquele ritmo por muito tempo — seus músculos ainda eram pequenos e inexperientes. Precisava de outra solu??o.

  Foi ent?o que ele ouviu a voz de Kyra ecoando em sua mente, como um eco distante das li??es que ela havia lhe dado nos últimos meses.

  "Se estiver em perigo, use a barreira mágica. Concentre sua mana e imagine-a formando uma parede entre você e o perigo."

  Sem hesitar, Hakuro seguiu o conselho vindo de sua mente e canalizou sua mana. Uma barreira translúcida e azulada surgiu ao seu redor, brilhando como uma cortina de água cristalina. Quando Raka tentou atacar novamente, sua espada colidiu com a barreira, incapaz de penetrá-la.

  Raka paralisou, surpresa. Ela abaixou a arma, observando a barreira com curiosidade renovada.

  — Como isso... — murmurou ela, trocando um olhar significativo com Myka. — Você já treinou magia antes, n?o é?

  Hakuro abaixou a espada, mas manteve a barreira ativa por mais alguns segundos antes de dissipá-la. Ele hesitou por um momento, mas ent?o decidiu ser honesto — pelo menos, até certo ponto.

  — Sim... minha irm? Kyra me ensinou algumas coisas — admitiu ele, sua voz baixa, mas firme. — Ela disse que eu precisaria aprender a me proteger.

  Myka sorriu, aproximando-se com um olhar gentil.

  — Sua irm? foi sábia ao fazer isso — disse ela, sua voz melodiosa. — Magia defensiva é essencial, especialmente quando combinada com habilidades físicas. Mas quem lhe ensinou essa técnica específica?

  Hakuro assentiu.

  — Foi Kyra mesmo. Ela disse que é uma das primeiras coisas que qualquer mago deve aprender.

  Raka cruzou os bra?os, claramente impressionada.

  — Parece que você tem mais prática do que esperávamos — comentou ela, com um sorriso satisfeito. — Sua irm? fez um bom trabalho. Mas agora é nossa vez de levá-lo ao próximo nível.

  Nyellen, que observava tudo de longe, aproximou-se com um sorriso orgulhoso.

  — Vejo que meu filho já está dando seus primeiros passos — disse ela, colocando uma m?o suave no ombro de Hakuro. — Mas lembrem-se, meninas, ele ainda é jovem. Precisamos equilibrar o treinamento para n?o sobrecarregá-lo.

  Myka assentiu, concordando.

  — Claro, milady. Nosso objetivo é ajudar Hakuro a controlar suas habilidades, n?o for?á-lo além de seus limites.

  Raka concordou, voltando-se novamente para Hakuro.

  — Muito bem, garoto. Por hoje, vamos encerrar aqui. Mas amanh? come?aremos cedo, e vou exigir mais de você. Esteja preparado.

  Hakuro assentiu, sentindo uma mistura de orgulho e determina??o crescendo dentro dele. Ele sabia que aquele era apenas o início de sua jornada, mas também sentia que estava no caminho certo.

  Nyellen sorriu, claramente satisfeita com a dedica??o de Myka, mas Nafyr ainda parecia ponderar algo. Ele cruzou os bra?os e olhou diretamente para as instrutoras.

  — Vocês mencionaram que o treinamento vai exigir mais dele — disse ele, sua voz grave e calculada. — Mas isso nos leva a outra quest?o: onde exatamente esse treinamento ocorrerá?

  Raka trocou um olhar rápido com Myka antes de responder. Ela se aproximou alguns passos, seu porte imponente transmitindo confian?a enquanto falava.

  — Milorde, após essa avalia??o inicial, sabemos que Hakuro tem um potencial... digamos, explosivo — explicou Raka, escolhendo as palavras cuidadosamente. — A combina??o de magia e for?a física pode resultar em manifesta??es imprevisíveis. Se ele perder o controle durante o treinamento, há o risco de causar danos colaterais significativos.

  Myka assentiu, complementando:

  — Além disso, n?o sabemos ao certo como essas duas bên??os opostas v?o interagir à medida que ele avan?a. Para garantir a seguran?a dele e de todos ao seu redor, sugerimos que o treinamento seja realizado fora da mans?o. Temos um local seguro em mente, longe de áreas habitadas, onde podemos monitorar seu progresso sem riscos e n?o é muito afastado da cidade.

  Nafyr franziu a testa, claramente hesitante. Nyellen, no entanto, colocou uma m?o suave em seu bra?o, tentando acalmá-lo.

  — Elas têm raz?o, querido — disse Nyellen, sua voz tranquila. — N?o podemos arriscar que algo saia do controle aqui. Esta é nossa casa, e há muitas pessoas que podem se machucar.

  Raka percebeu a preocupa??o de Nafyr e rapidamente retirou um cart?o metálico brilhante de seu cinto, enquanto Myka fazia o mesmo com o dela. Ambos os cart?es exibiam o selo oficial da Guilda de Aventureiros gravado em relevo.

  — Somos aventureiras de ranking B, reconhecidas pela guilda — explicou Myka, entregando seu cart?o a Nafyr. — Já lidamos com situa??es imprevisíveis no passado e estamos preparadas para garantir a seguran?a de Hakuro durante todo o processo.

  Raka assentiu, estendendo seu próprio cart?o.

  — Nosso trabalho é enfrentar desafios que muitos considerariam perigosos ou incertos — acrescentou ela, com um tom firme. — Seja em masmorras profundas, florestas amaldi?oadas ou miss?es diplomáticas delicadas, sabemos como nos adaptar e proteger aqueles sob nossa responsabilidade.

  Nafyr examinou os cart?es por um momento antes de devolvê-los às instrutoras. Ele suspirou profundamente, ainda relutante, mas finalmente assentiu.

  — Muito bem — disse ele, sua voz firme. — Concordo que o treinamento deve acontecer fora da mans?o. Mas quero garantias de que Hakuro estará seguro e sob supervis?o constante.

  — Pode deixar conosco, milorde — respondeu Raka, com um leve aceno de cabe?a. — Nosso compromisso é com o desenvolvimento e a seguran?a dele. Estaremos atentas a qualquer sinal de risco e agiremos conforme necessário.

  Nyellen sorriu, aliviada, enquanto mantinha o toque suave no bra?o de Nafyr.

  — Elas têm raz?o, querido — disse ela, sua voz tranquila. — Esta é nossa melhor chance de garantir que Hakuro receba o treinamento adequado.

  Nafyr suspirou profundamente, como se ponderasse sobre tudo o que havia sido discutido. Ele trocou um olhar rápido com Nyellen, que assentiu em silêncio, antes de se dirigir às instrutoras.

  — Por hora, sugiro que entremos — disse ele, sua voz firme, mas cansada. — O dia foi longo, e todos precisamos descansar. O treinamento come?ará amanh?, ao amanhecer.

  Raka inclinou a cabe?a levemente, demonstrando respeito.

  — Agradecemos pela compreens?o, milorde — disse ela, com um tom profissional, mas caloroso. — Contudo, n?o queremos incomodar. Há uma hospedaria próxima onde podemos nos instalar. Retornaremos logo cedo para iniciar os preparativos.

  Myka assentiu, complementando com um sorriso suave.

  — Sim, n?o há necessidade de causarmos transtornos. Estaremos prontas para come?ar assim que o sol nascer.

  Nyellen ergueu a m?o delicadamente, interrompendo as instrutoras antes que pudessem continuar.

  — N?o, por favor — disse ela, com um sorriso gentil, mas firme. — Como mencionamos na carta enviada à Guilda, já providenciamos um quarto de hóspedes para cada uma, pelos próximos cinco anos, e seria uma honra recebê-las.

  Raka e Myka se entreolharam, surpresas com a insistência de Nyellen. Após um breve momento de hesita??o, Raka assentiu com gratid?o.

  — Nesse caso, aceitamos com humildade, milady — disse ela, inclinando-se levemente. — Somos gratas por sua hospitalidade.

  Myka sorriu, suas cinco caudas douradas balan?ando suavemente atrás dela.

  — E agradecemos novamente por sua confian?a — acrescentou ela, com sua voz melodiosa. — Faremos os preparativos necessários para garantir que tudo esteja pronto para o início do treinamento.

  Nyellen assentiu, visivelmente aliviada.

  — Se precisarem de qualquer coisa, n?o hesitem em pedir — disse ela, com um sorriso gentil.

  Hakuro observava a conversa em silêncio, sentindo uma mistura de ansiedade e curiosidade crescer dentro dele. Ele sabia que o verdadeiro desafio estava prestes a come?ar, mas também sentia que aquelas duas mulheres seriam fundamentais em sua jornada.

  Enquanto caminhavam em dire??o à entrada principal da mans?o, Hakuro notou que os cristais de mana posicionados ao longo do caminho brilhavam com uma intensidade diferente naquela noite. Embora estivessem sempre presentes, hoje pareciam projetar uma luz mais vibrante, como se refletissem a importancia do momento. O aroma de lavanda, sempre presente nos jardins da propriedade, parecia mais pronunciado, envolvendo o grupo em uma atmosfera quase mágica.

  Ao cruzarem a porta principal, os corredores internos da mans?o já estavam iluminados pelos mesmos cristais de mana, incrustados nas paredes de mármore branco. As luzes pulsantes criavam padr?es delicados no ch?o polido, ecoando suavemente sob os passos dos presentes.

  Hakuro caminhava pensativo, absorvendo tudo ao seu redor. Arysa, que o conhecia melhor do que ninguém, colocou uma m?o suave em seu ombro.

  — Parece distante novamente, Hakuro-sama — disse ela docemente.

  Hakuro olhou para ela intrigado.

  — Estou pensando no que me aguarda — respondeu ele, sua voz baixa, mas determinada.

  Arysa sorriu, acariciando seu cabelo.

  — Tudo vai ficar bem. Você é forte, Hakuro-sama. E agora, com essas instrutoras, tenho certeza de que estará em boas m?os. Mas lembre-se: sempre que precisar, estarei aqui para você.

  Com isso, Arysa se despediu, voltando para suas tarefas enquanto Hakuro seguia com os outros. Ele podia sentir a energia pulsando dentro de si, uma promessa silenciosa de que havia muito a descobrir sobre si mesmo e sobre o mundo ao seu redor.

  "Escolhido dos Deuses..." — pensou ele, tocando levemente o peito, onde o título invisível parecia gravado em sua alma. "Ainda n?o sei o que isso significa... mas vou descobrir."

  N?o sabia ao certo o que o futuro reservava, mas uma coisa era certa: ele estava pronto para enfrentar o que quer que viesse a seguir.

  O dia havia sido longo, mas o amanhecer traria novos desafios e descobertas.

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